O futebol feminino é uma modalidade que ainda sofre muito preconceito, se hoje, no tempo pós-moderno, existe esse preconceito, então imagine antigamente como era difícil. Mesmo com esse preconceito as coisas estão melhorando, a evolução do futebol feminino no Brasil está acontecendo e as meninas vem ganhando cada vez mais destaque no campo de futebol.
Neste artigo, vamos falar um pouco sobre essas mudanças, o que melhorou e ainda pode melhorar no futebol feminino.
Inglaterra e Escócia foram as protagonistas da primeira partida de futebol entre mulheres, em 1898, em Londres. No Brasil, houve um evento beneficente em 1913. Nesse episódio, houve uma partida de futebol entre mulheres. Mas, com o passar do tempo, foi descoberto que, nessa partida, havia homens em campo. Por isso, o primeiro registro oficial, aqui no Brasil, foi em 1921, onde jogaram a Cantareira contra as Tremembeenses, em São Paulo.
Nessa época, o esporte foi criticado por ser praticado por mulheres, já que era considerado muito bruto. Com isso, as mulheres foram proibidas de jogar futebol até 1979, quando a lei foi anulada.
O primeiro clube feminino na história foi em 1894, as mulheres criaram o primeiro seu primeiro clube de futebol, em Londres. À frente delas estava Nettie Honeyball, a ativista feminista responsável pela formação do British Ladies Football Club.
Após a lei ser revogada no Brasil, várias ligas e clubes foram criados. No Rio de Janeiro, a primeira equipe foi a Radar, que, a partir de 1982, um ano após o clube ser criado, ganhou diversos títulos nacionais e internacionais. Hoje o clube funciona apenas como um clube social. Em São Paulo, o primeiro clube foi o SAAD, criado em São Caetano do Sul. Depois, foi pra Campo Grande e, hoje, está em Águas De Lindóia. SAAD, assim como Radar, conquistou diversos títulos e ainda mantém o clube feminino.
Em 1988, foi feita a primeira convocação da seleção feminina brasileira de futebol. A seleção era composta apenas de jogadoras do Radar. A seleção foi convidada a participar de um torneio internacional, a Women’s Cup of Spain, onde derrotou as donas da casa, França e Portugal e conquistou o primeiro título internacional para o Brasil.
As meninas herdaram o uniforme da seleção masculina, porque, naquela época, não existia estrutura alguma para o futebol feminino.
Conforme o tempo foi passando, a FIFA foi se envolvendo mais com o futebol feminino, começou a profissionalizar, fazer campeonatos, até que chegou a vez da tão sonhada Copa do Mundo feminino. A primeira versão do mundial de futebol feminino foi realizada em julho de 1970, na Itália. Sem chancela da FIFA, a competição recebeu o nome de seu patrocinador: Martini Rosso Cup. Com participação de 7 países (Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, México, Itália, Áustria e Suíça), troféu da Copa do Mundo de futebol feminino de 1970 foi conquistado pela Dinamarca. Um ano depois, um novo mundial feminino foi disputado. O torneio, realizado no México, contou com 6 participantes: México, Argentina, Inglaterra, Dinamarca, França e Itália. Novamente, a seleção dinamarquesa foi campeã.
Mas, apenas em 1991, a primeira Copa do Mundo feminina foi realizada de forma oficial pela FIFA, foi o primeiro passo pra evolução do futebol feminino. O país sede foi a China e contou com 12 participantes. Nossas meninas não foram tão bem, sendo eliminadas na primeira fase, e a seleção campeã foi a dos Estados Unidos, que é a seleção com mais títulos, 4 no total. A segunda edição da Copa do Mundo de futebol feminino também teve 12 participantes. Entre 1999 e 2011, 16 seleções participaram dos mundiais. Já em 2015, houve um aumento para 24 vagas.
Em 2019, a oitava edição da Copa do Mundo de futebol feminino foi disputada na França, onde os EUA conquistaram mais um título.
A Copa do Mundo de futebol feminino de 2019 foi um sucesso de jogo, de público e de audiência e com isso vimos a evolução do futebol feminino. Diante disso, a FIFA já começou a se preparar para o próximo Mundial, para que a edição de 2023 também tenha um bom retorno. O primeiro passo era a escolha de uma sede e a entidade já escolheu onde as principais estrelas do futebol mundial disputarão o grande título.
A candidatura conjunta da Austrália e Nova Zelândia venceu a disputa com a Colômbia e receberá o torneio.
Com Sissi como principal jogadora e artilheira da Copa do Mundo, o Brasil chegou até as semifinais em 1999. Foi a primeira copa que o Brasil teve um bom desempenho
Nossa seleção começou com goleada de 7 a 1 sobre o México e parecia bastante promissora até a eliminação diante dos Estados Unidos.
Na decisão de terceiro lugar, a Seleção Brasileira feminina garantiu a medalha de bronze com vitória sobre a Noruega na disputa de pênaltis.
O futebol feminino ainda é tratado como amador. Alguns países já passaram por essa fase, mas, no Brasil, estamos caminhando para acabar com isso. No início dos anos 2000, após o bom desempenho da seleção na copa do mundo dos EUA e com o destaque de Sissi, pensamos que as coisas iriam mudar, porém não foi assim. As meninas continuaram a sofrer com todo o preconceito, falta de oportunidades, falta de estrutura. Não tinham espaço para treinar, fazer fisioterapia, musculação e, por muitas vezes, nem um vestuário para se trocar, tomar um banho. Um dos treinadores que lutou muito pelas meninas foi Marcelo Frigério, técnico há mais de 20 anos, com passagens pelo Palmeiras, China, São Paulo e com participação em copa do mundo com a Guinea Equatorial, que acabou enfrentando a seleção Brasileira na fase de grupos. Marcelo Frigério acompanhou e participou de toda essa evolução do futebol feminino.
Apesar dos clubes existirem, a seleção ter boas jogadoras, aqui no Brasil, nunca tivemos um campeonato “organizado”. Recentemente, as coisas começaram a mudar. Em 2013, tivemos de fato o primeiro campeonato brasileiro, organizado pela própria CBF em parceria com a CAIXA. O campeonato contou com 20 clubes, que foram divididos em quatro grupos, com cinco clubes cada. O Centro Olímpico (ADECO) foi de fato o primeiro campeão brasileiro feminino, dando início à história da competição no Brasil. O maior vencedor é o Ferroviária-SP, com dois títulos. Ele é também um dos clubes com melhor base e estrutura no futebol feminino há anos.
Hoje, além do campeonato nacional, temos os estaduais, copa do Brasil e campeonatos das categorias de base. Fora os campeonatos daqui, temos libertadores e mundial também.
Esqueçam os salários milionários que existem no futebol masculino. A realidade do futebol feminino é totalmente diferente, na elite do futebol brasileiro, as meninas recebem até 2 salários mínimos, são raras exceções em que uma jogadora recebe um salário alto. O maior salário está entre R$10 mil e R$20 mil. Mas isso tem mudado, até 2017 o maior salário era até R$5 mil. Além dos baixos salários, muitas atletas não possuem carteira assinada e recebem apenas por cada partida atuada. Com isso, elas não têm uma garantia, direitos trabalhistas, como no caso de sofrer uma contusão, não consegue recorrer ao INSS.
Mas, aos poucos, as coisas estão mudando. Faz parte o processo de evolução do futebol feminino. Hoje, os clubes da elite do futebol masculino são obrigados a terem um time feminino, e isso está ajudando a mudar o cenário.
Em 2017, a federação Norueguesa igualou os salários dos homens e das mulheres. O valor antes era de 1,6 milhões para as mulheres e de 2,6 para os homens. Hoje, o valor igualou sendo de 2,4 milhões para ambos. No Brasil isso está acontecendo também!
O dia 2 de Setembro de 2020 vai ficar marcado pra sempre na história do futebol feminino, a Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, presidida por Rogério Caboclo, igualou as premiações das convocações e diárias. O que a seleção de Neymar recebe, a seleção da Marta também vai receber. Essa foi uma vitória para as meninas e para o futebol feminino como um todo.
Além disso, foi criada uma coordenação de competições femininas, a comandante desse setor será Aline Pellegrino, ex-capitã da seleção brasileira, que já era responsável por essa parte na Federação Paulista de Futebol. Além da Aline, Duda, ex-diretora do Internacional, foi confirmada como coordenadora de seleções.
E, na mesma semana, a Puma, que patrocina o Palmeiras, fechou um patrocínio individual com 23 de 27 jogadoras do time, algo inédito no futebol feminino.
Com isso, estamos vendo, cada vez mais, as melhorias no futebol feminino, tanto no Brasil quanto no mundo. Para que outras mudanças contribuíram para a evolução do futebol feminino?